Os tempos
E o mundo intermédio, entre homens e deuses postado
Tanto quanto todos pelas leis do Tempo é subjugado.
(Charles Baudelaire, “Os dons das fadas”)
Sessenta atarefadas, lépidas crianças
Serviam outros tantos rapazes
Que por sua vez serviam vinte e quatro senhoras
Doze brancas, doze negras. Tais senhoras
Serviam trinta altos senhores, os quais se subordinavam
Alternando-se de sete em sete, a quatro inquietas donzelas.
Estes senhores não eram tão altos, contudo
Quanto os cavalheiros que eles serviam, os quais
Eram em número de doze, servindo estes, também
Um gigante que servia, junto com outros nove de sua raça
A uma dama majestosa e elegante; a qual, acompanhada
Por outras nove senhoras de porte semelhante
Serviam um senhor empertigado e solene, cujos outros
Companheiros, também em número de nove, serviam
Por sua vez, um venerável ancião, muito sábio e enrugado
Servidor, junto com outros anciões tão veneráveis quanto ele
De uma velhota já algum tanto senil e entrevada, conhecida
Apenas como Era. Essa velha fazia parte de um seleto
Grupo de deuses que se especializaram no esquecimento
Tendo como representação tudo quanto foi deixado de lado
E, como seguidores, todos aqueles que se converteram em pó.