Ah, a saudade...
Verdade que saudade é algo que faz doer.
Nunca acreditei muito nos efeitos colaterais da saudade até sentir na pele tudo que ela causa.
Os dois primeiros meses são faceis, você substitui o pensamento, troca de roupa, de perfume, penteia o cabelo pro outro lado, pinta o olho com rímel e segue a sua nova rotina.
Passou o período de testes, brincadeiras e novos amores. Você começa a lembrar dele todo dia, de como ele te fazia sorrir, de como a voz desafinada dele fazia sentido no seu ouvido pela manhã. Você acorda do seu lado da cama e olha pro lado que ele ocupava e sente o vazio, veste sua roupa, prende o cabelo e ele não está lá para dizer que você fica linda com rabo de cavalo. Toma café, sai para trabalhar e volta pra casa no final da tarde, casa vazia, coração vazio. E lembra de como ele completava tão bem todos os seus vazios.
Saudade corrói, desmancha e destrói.
Nada pode doer mais que uma saudade bem sentida.
Ninguém vai trazer de volta o seu sorriso, porque ele se foi com a pessoa que você tanto queria que estivesse ali agora. Ninguém vai ocupar o lugar que ele tinha na sua vida. Na verdade você tem sentido tanta saudade que prefere nem tentar deixar de sentir.
Saudade do cheiro, da voz, da cor dos olhos, das brincadeiras, das explicações infinitas de como o mundo havia se tornado mundo. Ele se foi e levou com ele a explicação pra tanta coisa, que até hoje você tenta entender os porquês. O por que de ele fazer tanta falta, o por que de ele ser o mais bonito dos homens, o por que de ele não ser mais seu.
E aí você começa a entender que a saudade é mesmo aquela coisa que a gente sente quando sabe que alguém não vai mais voltar. E você aprende a conviver com ela, a tornar ela a sua melhor companhia. Se um dia ele entrar de volta por aquela porta, então é dada a hora de a saudade sair pela janela. Se ele nunca mais voltar, prepare um chá e ouça uma canção de ninar, a saudade vai ser sua melhor companheira.