Flutuando

Parti olhando pra trás porque tenho os olhos nas costas.

O futuro me dá medo; o passado, segurança. Talvez seja por isso que amo o novo, mas o amo ainda mais quando ele se torna velho.

Com os pés desprotegidos em território desconhecido, até andar se torna um fardo, mas ao olhar pra trás e ver a pegada que me antecede, a vontade de estampar no chão a pegada que me sucede brota por si só na sola do chinelo.

Flutuo nessa linha tênue entre pretérito perfeito e futuro imperfeito: torcendo, rezando e esperando que um complete o outro.

Caminho no espaço-tempo sem considerar o presente. Meu coração é passado. Minha mente é futuro. Ambos no mesmo corpo, fruto de um casamento arranjado, desengonçado, indivorciável, mas que deu e dará certo (assim espero).