A FILA
Inúmeras pessoas enfileiradas à espera
estão acorrentadas a sua senha
atentas a cada chamada eletrônica
parecem estar numa marcha lenta
todas ansiosas por "atenção"
envoltas em seus pensamentos
e em suas preocupações
algumas visivelmente tensas
outras calmamente esperançosas.
As pessoas ali subjugadas ao tempo da espera
e neste ínterim as pessoas se entreolhando
umas discretamente, outras de forma "invasiva"
não há como se desviarem
estão tão próximas quase tumultuadas
e neste espaço minimizado e restrito
hálito, pele e o cheiro se misturando
inevitavelmente os olhares se encontrando
mas obviamente elas não se vêem
porque na realidade as pessoas não estão ali.
Ouve-se por todo canto um murmurinho de vozes
as palavras tomando conta de cada vão
ocupando cada tímpano
e o som ensurdecendo a paciência
pois as pessoas falam e falam
as tímidas respondem discretamente
as ousadas não economizam as palavras
em pauta as trivialidades cotidianas
e irritada com a demora uma pessoa mais afoita
quebra o murmurinho e grita em protesto ...
As pessoas já inconformadas
seu precioso tempo se perdendo
o tempo escorrendo com o suor
e o enfado apertando-lhes os pés
as pessoas na fila que estacionou
mas seus corações e mente tão longe
onde neste momento gostariam de estar.
As coisas acontecendo lá fora
e cá dentro as pessoas enfileiradas e em marcha
estão ali pelas obrigações corriqueiras
pela sobrevivência rotineira
todas cientes que não há como escapar
responsabilidades que as acorrentam
é preciso ser cidadão
é necessário ganhar o pão
é dever pagar o pão!
(Pensamentos e Palavras Stella Maris 09/04/2014)