Quase nada têm a dizer
 
 
Muitos, quase nada têm a dizer, porque quase nada fazem, quase nada pensam por si mesmos, quase nada criam e quase nada transformam, quase tudo repetem ou aceitam, e finalmente quase nada têm a falar, porque quase nada ousam e quase sempre se omitem. 
 
Muitos quase nada têm a dizer, pois que tudo que dizem, repete o dizer da situação atual, são incapazes de se transformar e assim incapazes de transformar a realidade já estabelecida.
 
Muitos quase nada têm a dizer simplesmente porque compartilhando dos valores implantados são coniventes por interesse próprio, são inativos por insensibilidade, são mudos pois incapazes de se transformarem empaticamente, calam-se em seus interesses, emudecem-se na sustentação do que já é por pura falta de comprometimento real para com a necessidade de transformação universal, social e humana.
 
Muitos quase nada têm a dizer por que se veem apenas de passagem por estas bandas, a caminho de algo prometido, e não precisam se expor assim, principalmente porque se resignam frente à ideia de que algo maior sabe o que está fazendo, e o importante não é o aqui e nem o agora, mas o que está por vir, prometido como esperança.
 
Muitos quase nada têm a dizer, talvez porque quase nada de social e humanos realmente sejam, uns pela própria exclusão, opressão e exploração, e outros simplesmente porque se veem focados apenas em sua própria salvação e dos seus, e outros mais talvez por puro medo, interesses, descaso, ou por insensibilidade desumana.

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 09/04/2014
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