Obsolência
A forma que eu vivo e que eu amo,
está mais obsoleta que o mimeógrafo,
ou a máquina de escrever.
Velharias que causam nostalgia,
mas que perderam a praticidade.
Do jeito que vai, um dia a poesia cai também em obsolência.
Aí sim podem jogar a pá de cal em cima de mim.
Venho sobrevivendo à academia, às mulheres
as mais serenas, e as mais loucas,
e à embriaguez em noites seguidas sem sono.
Será que sobreviveria ao fim da poesia?
Se eu não tiver ninguém para ler o que eu escrevo, além de mim mesmo...
Não sei se eu continuaria.
Se eu não tivesse mais mulheres para amar
e me enlouquecer
creio que eu não beberia, e provavelmente dormiria as 9 da noite, vendo TV.
E não teria sobre o que escrever,
e é capaz que eu fosse uma pessoa normal e ajustada.
Pensando assim,
acho que prefiro então ser esse cara obsoleto.
Amando, enlouquecendo, bebendo e escrevendo poesia,
trocando a noite
pelo dia.