Não escrevo mais sonetos.
Não escrevo mais sonetos.
Não faço mais versos, rimas e estrofes organizadas.
Mudou a forma como eu escrevo e não sei exatamente o motivo disso.
Minha poesia perdeu forma. Mudou de estrutura.
Não escrevo mais sonetos e acho que minhas angústias e pensamentos ficaram complexos demais para serem expressos desta forma,
ou tem me faltado algo para consegui-lo.
Nos últimos meses, me resumo a escrever versos e ideias soltas.
Tenho lançado montanhas de palavras e sentimentos desorganizados sobre o papel. Quase como se eu abrisse minha cabeça e espalhasse seu conteúdo a céu aberto.
Uma torrente frenética escorre do meu cérebro para os meus dedos e dos dedos para o computador e não me atrevo a tentar lhe restringir ou moldar.
Talvez seja impossível fazê-lo no atual estado das coisas.
Mas não me sinto frustrado por isso. Sinto-me adaptado a nova realidade.
O tempo que eu gastava tentando resumir e acomodar uma inspiração em forma de soneto é o tempo que eu consigo encher uma ou duas páginas de texto bruto, o que ultimamente tem me parecido mais sincero e intenso do que qualquer outra coisa que eu já tenha escrito.
Tem sido mais fácil, assim, aliviar minha cabeça atordoada quando não consigo dormir.
No fim, foi uma boa mudança.
Talvez essa seja a prova de que cachorros velhos podem aprender novos truques.
Agora só preciso aprender a dormir mais cedo.
Mas isso fica para outro dia.
Hoje, já passa das quatro da manhã.