Dizer que esqueceu.

Dizer que esqueceu fulano ou ciclano é bobagem, quero ver esquecer de verdade. Quero ver não sentir uma pontinha de dor lá no fundo quando passa por um lugarzinho que lembre, quando come algo que fulano amava, quando vai a um lugar que fulano adorava, quando ouve o nome de fulano e procura imediatamente - e incontrolavelmente - por fulano, quando seu coração dispara ao ver fulano de longe, depois de dias, meses, quem sabe até anos sem ver. Quando seu coração quase salta pela boca quando fulano vem te cumprimentar, quando você sente borboletas no estômago ao imaginar fulano com outra pessoa. E pior, quando você vê fulano com outra pessoa. É fácil esquecer? Não, caro amigo, não é fácil. Talvez seja um pouco menos difícil acostumar. A gente se acostuma. Com a ausência. Ausência do sorriso da pessoa, da risada da pessoa, do abraço da pessoa, do afago da pessoa, das brincadeiras da pessoa, das chatices da pessoa e do colo da pessoa. A gente se acostuma. Mas se acostumar também não é tão fácil, leva um tempo, demora, dói, dilacera o pobrezinho do coração. Ah, o coração. Era pra ser feito só pra bombear sangue, mas não, ele vive sofrendo com as escolhas erradas do nosso dedinho podre. É, pobre coração, pobre de nós.

Débora Laís
Enviado por Débora Laís em 03/04/2014
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