O AMOR NÃO TEM DONO
Ela vem andando faceira. Matreira, dona de si causa fascínio. Aos olhos dos espectadores revela-se elegante e atrativa dentro dos belos vestidos. É discreta, mantém um comportamento recatado.
Mãe dedicada, esposa comprometida, nada pérfida. Sabe ser invulgar. Entrega-se não por leviandade, mas por desejo. É seduzida.
Acontece o primeiro beijo nos recônditos da escada do prédio. Carícias sófregas, fugidias, apaixonadas. Só o recanto escuro é testemunha. O amor não é clandestino, é afetivo.
Um amor proibido e perigoso. Uma paixão, um fascínio, uma atração que não pode ser adiada, deve ser sentida. O encanto mútuo não pode ser interrompido.
As bocas roçam-se outra vez nos recantos soturnos. A paixão acelera os nervos. Os sonhos, o amor, o encanto e envolvimento.
A primeira junção. Corpos contraídos, fôlegos ofegantes. O fogo da paixão ardendo dentro e fora dos corpos. Contorcem e exasperam a alma, coração e pulmão. Desejos de perpetuação, de ser cúmplices na paixão.
Mas...
ninguém é dono do amor. Mesmo que ele se transforme em desejo alucinado e fremente. O amor é apenas um acontecimento chocante, uma atração momentânea ou duradora. É quando o amor de um não contém a vontade do amor do outro.