Em nome da sinceridade
Quando era mais jovem, fui rude e cruento com as pessoas à minha volta. Não perdia a chance de bater no peito com orgulho por me achar sincero.
Achava isso um troféu e tanto.
Por vezes, feri gratuitamente com verdades que não vinha o caso.
As vezes, com as palavras, abria chagas e desenterrava passados ruins.
Um dia, alguém me falou que as palavras inconsequentes eram como bumerangues, e que elas sempre voltavam contra quem às disse.
Eu era um pirralho pra compreender aquele velho adágio.
Mas os anos foram se passando, e eu não passei incólume nas experiencias da vida.
Pouco à pouco, fui sendo forjado no moinho, que faz da gente, pessoa amistosa e decente.
Ninguém nasce pronto para o mundo, todo mundo é diamante bruto.
A dor e a dificuldade vão nos humanizando, plantando sabedoria e brotando ternura onde não tinha.
No ritmo desse processo perene, é que vamos nos tornando pessoas melhores à cada dia.
Há sempre arestas para serem lapidadas, e há sempre conceitos acerca de nós mesmo à serem repensados.
A gente tem que peregrinar bastante nesse chão árduo da vida, para entender que o amor das pessoas à nossa volta, é o que nos dá sentido para viver e existir.
Passamos a perceber que custa tão pouco sorrir, mesmo quando não estamos num bom dia.
E que ser gentil com quem tem dificuldade pra ser, é um gesto nobre, que pode constranger e ensinar cordialidade.
Então, o sorriso de uma simples criança, encanta todo um dia.
O abraço da pessoa amada, passa a ser remédio pra alma.
E um diálogo singelo com o idoso, passa à ter valor para toda a vida.
E por fim, a gente aprende que, a sinceridade só tem valor, quando é praticada com amor.