Admiração à mesa de madeira, que aguenta quartas-feiridas sem reclamar.
To meio sufocada por tudo aquilo que eu deveria estar fazendo (ou que supostamente me dizem que eu deveria), mas não faço. Eu fico aqui, sentada nessa mesa velha de madeira, apoiada nos cotovelos. E quem me vê assim curvada, rabiscando vazios desesperados, não imagina que há um mundo apoiado em minhas costas.
Mas nada pesa tanto quanto minha hipocrisia de queixar-me sobre tudo. Me curvo, me lanço ao chão... Digo que não suporto mais esse meu mundinho tão pequeno. Digo que queria mais. E que não só queria, como terei muito mais. Queria tudo! Quero tudo! Mas se quer aguento esse meu dito "mundinho pequeno" nas costas sem desabar na quarta-feira. Desabo assim, no meio, meio em cima do muro. Desabo, mas sigo me arrastando vergonhosamente. Sigo arrastando aqueles que não quero perto de mim, sigo suportando calada o querer outros e outras. Sigo reclamando das noites quentes, das manhãs frias, dos teus abraços gelados, das conversas vazias e da minha postura.
Mas eu não endireito as costas quando você não está aqui.
O que me pesa é o vazio, conclui. O vazio dos outros que mentem, das praças aos domingos, e das minhas própria mente.
O vazio faz barulho dentro de mim novamente.
Nada me desespera mais do que a falta de motivos.