O inevitável que acontece
Não reagir ao inevitável
É como aceitar a luz na escuridão
Correr nos trilhos contra o trem
Se entregar na roleta russa do aleatório
A dúvida que gera a certeza
Sempre causa discórdia na razão
No cruzamento dos olhares perdidos
A sintonia sem sentido
Encontra-se no abrigo oculto
Ao lado de um desconhecido
Que brinda pela sua presença
Disfarça sem saber por quê
Foge antes que o outro perceba
Pois sabe que seu lugar não é ali
Busca por outro espaço
Mesmo que ainda lembre, finge esquecer
Anda em um corredor vazio
E encontra um espelho quebrado
Na parede ainda estão marcas do passado
E seu reflexo não diz nada de você
Tenta entender o que sobrou
Juntando os cacos que guardou no bolso
Segue o caminho pelas lembranças
Por muitas vezes ainda encontra uma porta aberta
Mas é melhor não entrar
Mas uns passos e abre-se uma janela
Lá fora está escuro e aqui dentro faz frio
É difícil não se arrepender
Quando você sabe tudo do seu amanhã
Os caminhos sem volta
As lágrimas que já secaram no chão
Memórias inacabadas no tempo
Histórias com final triste
Um faz de conta de nunca aconteceu
Somente uma parte do desejo
Nada vira realidade
Porque o tempo está sempre atrasado
E assim cada tijolo é posto em seu lugar
Para que um dia torne-se uma construção
Que mostrará toda a fragilidade do ser
A caminhada vira um pesadelo
Com direito a personagem principal
Onde qualquer um escolhe um papel
Do qual nem sabe se vai gostar
Na árvore da vida somos apenas raízes
A base de um bem maior
Que provavelmente está trancado
Dentro de um baú invisível
Onde nunca possa ser encontrado
A esperança cabe na palma da mão
Na ponta da caneta
Nas palavras que estão em você
E tudo não passa de imagens repetidas
Um vela acessa na ventania
Um pôr do sol incompleto
Metamorfose silenciosa e irregular
Que transforma tudo no outro
Aquilo que você mais gosta
Levando você a perceber outras ilusões