Isolamento paralelo
Nessa nova estrada de muitas curvas e longos desertos a saudade é a única e fiel companheira. O horizonte se faz como um destino improvável, perfeitamente visível, porém intangível.
Caminho adiante, sigo o mesmo ritual. Nossos sonhos, nossas aventuras, suas fotos, suas palavras, minhas memórias, minhas vontades, uma realidade distinta em duas dimensões, dois mundos em paralelo, uma distância, tímida o suficiente pra não te perder de vista, não sair do alcance do teu encanto, porém forte o bastante pra sentir o tamanho da ausência, da necessidade do abraço, do afeto espontâneo.
Aperto o passo, logo paro, o roteiro parece não mudar. A melodia é suave, porém desafinada. Os tons quase encaixados, em desastre acabam por desistir. Não é arte, nem tampouco obra de que possa me orgulhar.
O novo logo envelhece, o cômico em fim trágico perece, o sol não aquece, a mente não esquece, e o coração em teimosia não cessa em relembrar.
A alma pede o abraço, abertos os braços, mas não há quem abraçar. O canto segue o conto, mas não há a quem contar.
Incontestável permanece o manifestar dos nossos sentimentos, hoje a fonte, a inspiração de toda poesia que outrora as lia defronte ao teu olhar, julgada e sentenciada pelo abraço em recompensa.