PROFUNDA

Traço com ódio o verme mortal da existência;

Com a tragada obrigação de aguentar por não poder

Arrancar de mim

Se não por meio da tirada da própria vida.

Como a covardia me vence e não me tiro as duas

Abaixo a cabeça para que um ato de cuspir

Meu ódio falsear um alívio.

No sonho da noite um descomprimir de tez

Ao acordar dobras fatais

Que mais de 20 anos me envelhece

E agonia de não ter no sono a tão pedida

Morte tranquila.

A comida amarga e água é fedida;

Porque não posso aguentar certas presenças

Que tenho de viver nesses mares de merdas de ideologias

De quem ver tudo perfeito onde tudo é turvo, troncho e caos!

Como pode miséria de homem não sentir a própria carne?

Como não sente "peso" neste mundo de massa e peso?

Tua matéria e o produto dela não foi feita para ser sentida?

E os conceitos todos para serem pensados?