Quando o sol nascer
É, talvez eu, assim como você, não saiba tanto das coisas da vida. Talvez eu seja melhor sem as coisas que julgo necessitar tão urgentemente. Talvez amanhã quando eu abrir os olhos, possa ver o sorriso mais lindo do meu mundo e me veja completo, como os espaços entre nossos dedos, quando estes se entrelaçam. Li em algum lugar, algum maldito pedaço de papel que esqueci de jogar fora na última faxina algo que me desagradou. Não me pergunte o que é, só sei que encheu-me o peito de um amargor do qual não deveria... do qual não deveria nem lembrar que existe, mas que posso fazer? Deixe estar. Amassei aquele estúpido pedaço de papel e atirei-o a algum canto.
Como dizia, talvez isso, talvez aquilo outro... tantos "talvezes" assim não é maneira de viver a vida, meu caro. Quero certezas, promessas cumpridas, manhãs contentes. Quero muitas coisas, mas de que adianta querer? Bom, alguns diriam que dá sentido à vida, é o que instiga a labuta de cada dia, e talvez estejam certos, já que deste ponto de vista, uma vida sem querer mais, sempre mais, é a certeza do comodismo e da estagnação.
Hoje, paz de espírito me bastaria.
A agulha é leve, pequena e delicada; manuseada de maneira correta por mãos treinadas é capaz de trazer beleza e vivacidade à brancura dos teus lençóis. Mas dói quando espeta, e não há esse que deixe de ao menos se espantar pela dorzinha aguda. Há quem chore, e a depender do contexto, quem sorria em meio a meia dúzias de palavras bobas.
É certo, não sei o que me faria bem de verdade. Sei do que querem o ego e o orgulho, mas de egoístas e orgulhosos já anda cheio o mundo, e de certo eles não apreciam a concorrência.
Talvez no fundo eu saiba.
Eu sei: felicidade.
E o que é felicidade, senão estado de espírito?
Que seja, de sol a sol, nada mais do que felicidade.