Coragem e medos
Viver é ato de coragem. Agir ou se omitir, da mesma forma, exige audácia. Quando gritamos, a aparente agressividade nada mais é que sutil pedido de socorro. Quem grita nem sempre quer agredir - muitas vezes, quer apenas a devida atenção para o sofrimento que o sufoca, para a impotência de nada poder fazer diante da incapacidade de agir em nome dos outros, pois que a vida, em vários aspectos, independe do que pensamos; depende das possibilidades e incertezas que o outro cria ou destrói, em razão do medo de tentar, de ousar ou de perceber que a vida, enquanto tecido, engendra-se de singelos fios que se fincam na alma, independentes da vontade e de valores, posto nem sempre atendermos aos nossos instintos nem à nossa razão - não da forma que imaginávamos, inflexíveis, mas aceitando revelações e alternativas que somente a experimentação é capaz de nos ofertar.