A empatia em si pode até não ter poder algum, mas

A empatia em si pode até não ter poder algum, mas agir, ouvir, caminhar e viver de forma empática possibilita que se crie uma comunhão entre os envolvidos, e esta comunhão sim, possui poder de nos transformar, de nos afastar da insensibilidade e de nos ajudar na construção de nosso ser social, aflorando assim aquilo que deveria ser nosso diferencial maior enquanto espécie humana, que seria a nossa humanidade.

A empatia sincera supera crises, conflitos e diferenças, dito de outra maneira, entendo sinceramente que fora o respeito total as diferenças (que deveria ser construído pela educação ou obrigado pelas leis), sejam estas diferenças quaisquer que forem (dentro de um escopo humano e digno), um comportamento verdadeiramente empático é a melhor forma de destruir quaisquer sentimentos de preconceito, segregação, opressão, exploração ou exclusão. A empatia nos permitiria ser mais sociais pelo entendimento e respeito natural às diferenças, necessidades e anseios dos semelhantes. Ser empático é muito mais do que simplesmente saber se colocar no lugar do outro, é buscar sinceramente entender e compreender o que o outro sente, pensa, necessita e aspira. Ter um comportamento empático é buscar entender o outro, é quase como que aprender a ser o outro em seu próprio espaço tempo. É algo como se conseguíssemos entrar na mente do outro e construir um laço de respeito, compromisso e confiança mútuos, é demonstrar, não somente por palavras, mas por atitudes, ações e comportamentos que entendemos a situação do próximo e que tudo faremos para transformá-la, não naquilo que entendemos, nós mesmos, como melhor (porque pode não ser o melhor, e seria algo como catequese, que repudio todo e qualquer tipo de catequese), mas em algo que permita ao outro, de forma digna, humana, incluída e não explorada, construir seu próprio viver. É fazer a caridade no momento emergencial, sim, se necessário, mas isto só não basta, a caridade por si só nada, ou quase nada, transforma a realidade existente, a maioria das vezes, até dá continuidade e sustentação ao estado político, econômico e social vigente. Então, praticar a caridade sim, se necessário, mas agir de forma transparente, se doando por completo em comprometidas atitudes pelo fim das exclusões, pelo demonstrar a todos que as diferenças são mínimas perto do quanto somos iguais e semelhantes como irmãos homo sapiens, pelo evidenciar a todos que as diferenças enquanto não desumanas, longe de serem um problema, são sinal de força de uma sociedade, se eu penso a e você b, se eu gosto de a e você de b, se eu me sinto a e você b, desde que a e b sejam humanamente neutros ou dignos, dão força criativa à sociedade, mas não podemos nos utilizar deste argumento para eu ser incluído e b ser um excluído, eu ter uma série de direitos e b não os ter, eu poder ter casa, comida, alguma segurança, alguma proteção à minha saúde e b ser um miserável, com fome, largado ao lixo das sobras, sem lugar para dormir, sem direito a segurança e proteção, sem apoio de saúde pública digna. Eu não posso ter um emprego e b ser um explorado, quase escravizado, quando consegue ter algum emprego. Eu e meus filhos não podemos ter acesso a educação de bom nível e b não ter o mesmo direito, se é que tem acesso à educação alguma. Eu ter oportunidades e b muitas vezes sequer saber o significado de oportunidades. De eu acreditar que as oportunidades devem ser as mesmas tanto para os abastados quanto para os miseráveis, esta é a forma de manter e preservar o status quo atual, realidades sociais e econômicas diferentes merecem tratamentos diferentes, também no acesso às oportunidades, a meritocracia poderia até ser válida quando as condições entre a e b fossem as mesmas, o que nem de longe e nem de perto é verdade. Eu não posso ter liberdades enquanto b é oprimido pelo que é ou pelo que não é.

A empatia não requer amor, apesar de ser ela também um tipo de amor, requer compromisso, comprometimento, vontade e doação, requer enfim desejo e respeito à vida (a empatia pode, e deve, ocorrer também em relação aos animais), requer coragem e humanidade. A empatia não necessita sequer ser uma via de mão dupla (não posso me permitir dizer que não sou empático com b, porque b não é empático comigo, o comportamento empático deve inclusive entender o porquê deste comportamento e naturalmente as vigas de separação serão uma a uma removidas), mas entendo que toda ação verdadeiramente empática propicia um estado empático também no outro.

Um comportamento vivente empático seria uma boa solução para dar mais envolvimento social e humano a todos.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 20/03/2014
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