Motim da Madrugada
O Capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio...
Era o título do livro que eu lia, mas descrevia bem a minha noite.
Havia um motim. Em plenas 2:53 da madrugada.
Meu cérebro, rebelado, recusava-se a entrar em recesso.
Não havia espaço para negociação. Meus neurônios ameaçavam pôr fogo na embarcação toda.
Não havia consenso entre eles.
Não havia reivindicações. Só cacofonia, desordem e cheiro de pólvora queimada.
Eu saí de mim para dar uma mijada e comprar uma cerveja,
quando voltei havia perdido tudo.
Essa era a sensação.
Ameaçam fazer-me andar na prancha. Hei de nadar com os tubarões ao amanhecer...
Me entrincheirei, no colchão, desarmado e pedindo razão aos meus miolos.
Ao inferno com a razão, eles gritam, erguendo uma bandeira preta com uma caveira horrenda.
Minha caveira, por certo.
Só posso estar ficando louco, pensei.
Deve ser esse computador maldito...
e a internet com todas as suas distrações...
Tenho visto e lido besteiras demais.
Tenho me auto indulgido, me embriagado de superficialidade e comunicação instantânea até perder o sono. Tenho navegado nesse mar de bosta sem fim, seguindo a globalização.
São novos tempos.
Antes, Átila queimou Roma e o povo correu, sangrou e clamou por Cristo.
Hoje, o mundo queima, e o povo, anestesiado,
dança...