Caro Amigo Hamilton F. Menezes
Caro amigo Hamilton F. Menezes
Fiquei deveras impressionado com tantos títulos e com tantas coisas que você faz e o que você é!
E pensar que eu sou apena um simples TECNÓLOGO! (Tecnologia de Concreto Armado.) Parabéns!
Mas... Sabe o que eu penso? Eu me lembrei de um dia que eu estava agoniado porque chegou na minha pequena cidade uma família que era completamente diferente do nosso povo... Eu vou lhe contar: Veio aqui um rapaz dessa família melhor dizendo. Gente muito fina, até pernósticos. Era o que parecia a primeira vista. Mas na verdade eram pessoas de educação diferente da nossa; principalmente pelo modo de se expressarem. Eram até antipáticos por falarem um português refinado, bem falado!
Tentarei dar-lhe a impressão de como eram e como aconteceu! Disse-me um dia o rapaz quando procurou-me para uma consulta." Dr. tenho uns deslumbramentos n´alma... Que esfinge é essa moça de apenas quatorze anos. Virgem, que o severo pudor vela quando fala de amor; com a franqueza e a alma de quem já dele saciara. Compilação precoce dos sentimentos! Não penso eu! Deve ser a ingenuidade da inconsciência...as rosas da sua alma não pode, coração puro de paixões e ermo já de esperanças! Seria a ter assim murchado na primavera da vida; estão apenas em botão, que desmaia, é a sombra da infância ainda, e não o verme do coração, a dúvida! Eu amo esta menina, sem saber. Comecei a adorá-la. Quantas horas encantado passo pensando no grande amor que poderia viver, mas na minha memória, vive o seu desdém! Agora eu o compreendo. Eles revelam a tormenta de uma paixão nascente no seu coração infantil que tolda o amanhecer da sua vida para dias negros que possa em uma paixão descortinar! Com as tempestades dos primeiros dias do ano! Ela tem medo de amar, e eu ser amado por ela...Talvez amava-me, mas resistindo, ainda...Meu Deus! Exclamei...Que fiz eu para tanta felicidade? Uma circunstância unicamente me parecia obscura depois da confidência da Beatriz. Era a maneira por que me tinha recebido a primeira vez depois das minhas tentativas vãs. Após aquele olhar fulgurante de cólera. Não havia nos seus olhos, no entanto, despeito, só repulsão, que pareciam ódio e rancor profundo. Uma vez pedir-lhe explicação desse olhar: ela enrubesceu - Não pergunte isso!...Não lhe direi nunca! Dois dias depois da nossa conversa no bosque aonde ela ia sempre meditar, e ficar a cismar, e era um meio de esconder, e afogar os seus sentimentos. Eu ia cheio de elevo de tão sonhada esperança inundado da felicidade que borbotavam em meu seio...Já assim transbordado dilúvio de imenso amor que ansiava por me arrojar aos seus pés. E bastou a sua presença para confranger de súbito as enérgicas expansões de minha alma. Ela respondeu o meu cumprimento com afabilidade; mas era a mesma afabilidade que dispensava a turba dos seus admiradores! Mas eu achei doce o passado desdém que ao mesmo me distinguia!
Senhor Deus interrompi, Que paixão abrasadora!
- Como eu nunca havia visto, nem ouvido falar, acudiu o Dr, Ezequiel!
- Continua doutor. Esta pode dizer paixão ou loucura!
Então continuou ele:
Beatriz mostrava ter completamente esquecido, quando entre nós houvera três dias antes! Um dia no correr da noite quis falar-lhe: Vendo-me aproximar, toda sua pessoa envolveu-se de repente na frieza glacial que de longe já me tinha congelado as palavras nos lábios. Essa menina cheia de graça e vida, tinha o mágico poder de fazer-me mármore quando queria.
Nessa noite ela retirou-se mais tarde do que tinha costume. Ao sair passou junto de mim sorrindo: - Não quis hoje conversar comigo, disse com um doce enfado!
Faz idéia doutor, do pasmo em que fiquei?
- Sabe Dr. Ezequiel; Beatriz continuou a ser para mim a esfinge. Encontrava sempre o mesmo acolhimento de sempre, gelo na fronte e sarcasmo nos lábios. Por alguns momentos ela veria sobre mim, um olhar ou alguma palavra e ternura na sua alma. Mas depois quanto azedume não me custava àquelas gotas de mel!
Numa noite, o senhor se lembra quando pelo aniversário da Verbena, a minha família foi convidada, e teve a maior decepção com Beatriz, a ponto de se mudarem daqui para que eu não sofresse mais humilhação.
- Realmente eu nunca entendi, disse-lhe; por que seus pais mudaram, estavam tão bem assentados nos negócios, e de repente resolveram ir embora!
Meu caro amigo; não estou comparando-o com o nosso amigo. Apenas traçando o que você é e o que eu sou!
Acredite que vou ler alguma das suas críticas e crônicas.
Um forte abraço!