Esboço

Podia escrever-te um verso. Marcar uma página com tinta permanente, desenho de um amor tão abstracto como o nosso. Podia dar-te flores, deixá-las de molho até murcharem completamente, levando consigo morto o raiar dos nossos dias afogado algures onde o sol mergulha no mar.

Podia cantar-te uma canção sobre heróis e ninfas, sobre amor e poder. Podia perder-me ou deixar-me perder na ilusão do teu sorriso ou no calor dos teus braços.

Oh, mas não serei eu a tropeçar neste jogo nem a sair de coração partido. Nunca mais.

Podia procurar ver-te cada vez que fecho os olhos e dar vida ao contorno do teu corpo na sombra do meu imaginário. Podia dizer que te quero. Mas não o farei.

Escreverei os meus próprios versos, cantarei a minha própria canção. Chegou a hora de me encontrar.

Hugo Ricardo
Enviado por Hugo Ricardo em 16/03/2014
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