Esboço
Podia escrever-te um verso. Marcar uma página com tinta permanente, desenho de um amor tão abstracto como o nosso. Podia dar-te flores, deixá-las de molho até murcharem completamente, levando consigo morto o raiar dos nossos dias afogado algures onde o sol mergulha no mar.
Podia cantar-te uma canção sobre heróis e ninfas, sobre amor e poder. Podia perder-me ou deixar-me perder na ilusão do teu sorriso ou no calor dos teus braços.
Oh, mas não serei eu a tropeçar neste jogo nem a sair de coração partido. Nunca mais.
Podia procurar ver-te cada vez que fecho os olhos e dar vida ao contorno do teu corpo na sombra do meu imaginário. Podia dizer que te quero. Mas não o farei.
Escreverei os meus próprios versos, cantarei a minha própria canção. Chegou a hora de me encontrar.