Agora, Me fecho.
Foda-se todas as lágrimas,
Todos esses anos,
Todas idas e vindas.
Eu vou abrir meu coração,
Mas será pela última vez,
Então: aproveite-o, meu amigo.
Não há segurança ao meu lado
Não há salvação.
Deus e eu, não nos damos bem.
Acenda as luzes,
Depois, fique nu.
Veja minha obra, sinta minha obra.
Se toque enquanto eu disser palavras insanas.
A madrugada é tão perigosa quanto à periferia da cidade.
A noite é repleta de pecados,
Meu nome é escuridão.
Álcool e direção
Drogas e telefone a mão.
Cremado ou a sete palmos,
Continuarei sendo assim.
A terra é úmida e o fogo glorifica.
Atmosfera paralisada
Crianças malucas, comendo carne crua.
- Só queremos uma chance.
Diziam elas, rapidamente, furiosamente, com olhos arregalados, voz rouca, em coral.
Estão tão pálidas.
Será que estão mortas?
Pássaros mortos, crianças mortas, plantas mortas
Há tanta morte.
O pouco de vida em mim não é o suficiente.
Nós não precisamos de dinheiro
Somos mais valiosos que moedas.
O mundo foi construído por poder,
Carros, festas e preservativos saborosos.
As ruas estão cheias de pessoas estranhas
Os mortos circulam livremente e sedentos por atenção.
Fantasmas são solitários.
Os vivos precisam de companhia.
O amor está morto.
Agora, me fecho.