A loba e o cacto
Há uma loba. Uma loba de cabelos castanho avermelhados e curtos, olhos castanho escuros e cheios. Ela vaga lentamente ouvindo o silêncio das montanhas. As árvores fazendo zunir o vento, e o vento tamborilando as árvores. Uma briga da natureza, um causando impacto no outro.
Ela está em um precipício. Olha para baixo e vê um cacto lá em frente. Vê espinhos e imagina as dores. Decide descer, mesmo sentindo o perigo. Ela tem uma fé cega, contra todos os sentidos, de que o mundo que não controlamos não nos tire a única coisa do qual não podemos perder. E assim ela caminha, desce até o cacto e decide, talvez, se entregar a ele. Ela o ronda de longe e vê que ele está imaculado, está preso, não pode sair do lugar. Ele é seco e espinhoso, e ele não se importa, pois sabe e gosta de ser diferente, de ser assim, assistir outra versão do mundo. O cacto gosta de ver o fascínio da loba, e a loba gosta de caracterizá-lo, fascína-se também. E a pesar os espinhos e a dor, ela decide aconchegá-lo, decide ficar com ele quando percebe que ele a quer também, ali do lado. Depois do cinza, o contraste é bom, quando o laranja do pôr do sol se põe atrás da loba e do cacto. O coração da loba pulsando no mesmo ritmo que o mundo continua a rodar, deixando-a sem saber quando irá tirar a única coisa que ela não pode perder.