A dor de uma saudade.
Senti hoje depois de tanto tempo, aquela antiga pontada que despontava com tanta frequência no meu coração.
Por mais triste que seja admitir isso, procurei tua casa sem sentido. Vaguei pelas ruas numa tentativa inútil de te encontrar sorrindo na frente do portão da sua casa. Admito que ensaiei uma ou duas falas, mas sabia que não faria uso delas. A situação não seria favorável a uma conversação - quem sabe, no máximo, uma batida de porta? Era difícil dizer.
O pouco tempo que passou fez valer o verbo e acabou passando. Apenas o meu desejo que tudo fosse como antes era intacto e jazia num leito melancólico dentro da minha cabeça. Já havia me acostumado com essa ideia dolorosa de que, talvez, eu não fizesse parte de sua história e sim uma participação em sua memória, daquelas bem fracas que eventualmente te dá um estalo e você fica se perguntando por alguns minutos porque aquela pessoa não te parece tão estranha. Essa mancha na tua visão era eu, esperando.
O que eu esperava antes eu não sei; não me recordo. O que eu realmente espero agora é que algum dia, acidentalmente, eu passe na frente da sua casa, e você, mesmo por dolo, traga-me aquele sorriso bobo que carregava escondido em teus lábios.
Se algum dia puder, volte para mim. A mesma dor que cerra meus olhos é a que serra meu coração.