Basta-se
Veja bem nossos papéis.
Umas letrinhas miúdas,
uns abraços fingidos,
uma cama para tanto oco...
Veja bem nossos papéis.
Uns dilemas judiciais,
uns palavrões à hora da janta,
uns arranhões que sorriem
na carne e nas paredes.
Veja bem nossos papéis.
A noite nua que agarra teu corpo
para silenciar a violência das mãos,
a vizinhança atônita pelo sono que se vende
na TV e nossos sonhos roendo as roupas
com os ratos.
Não sei fazer amor, amor.
Sei apenas
dialogar com corpos.