Espectro... Povo...
Espectro
Eu já fui-me. Na verdade, eu nunca estive aqui!
O que tenho de mim, o que tens de mim nada
Mais é que um espectro de alguém que nunca,
Nunca esteve realmente aqui! Só meu corpo esteve!
Mas quem se importa. Se importar não é de bom tom,
Cuidar de quem precisa de cuidado é algo atroz, quando
Não, horrendo! Nunca estivera, jamais fui, e nunca passei!
Viver é o élan da vida. A vida é o élan do...
Estar vivo ou morrer é questão de humor, é quase
Uma questão de sorte. Porém é mais que isso!
Minha carne não corresponde ao meu espírito.
O que resta de mim é a mim próprio! O que sobra
De mim são gestos suficientemente reconhecíveis para
– ninguém! – que inda me qualifiquem como ser humano,
Todavia, eu-pneuma nunca houve, nunca existiu!
Povo
Estás vendo àquele lugar imundo,
Onde ninguém respeita ninguém e
Que faz tudo, menos nada para mudar
De situação?! És tu, povo, és tu!
Olha ao teu redor, povo, e vede o quão
Mal és para ti mesmo. Vede que está tudo
Em tuas mãos e nada está! Percebe!
Povo, o que houve contigo, onde está teu
Espírito de povo que luta e tem forma, que
É alegre e hospitaleiro, que mata e é morto...
O que houve, povo, o que houve.. houve?
Povo, tua alegria, tua hospitalidade, tua
Passividade não enganam-me. Tu és escravo
De ti mesmo. Tu és violento para com os teus.
Tu não fazes nada quando o teu Governo te oprime!