Enclausurada.
Olhando para o vazio.
Essa escuridão que se alimenta de minha alma.
Eu me sinto assim, um nada.
Pura podridão.
Fruto do mero acaso.
Nao tenho pra onde ir, nao tenho razões para ficar.
Correndo sem direção, alguém sem destino algum.
Eu, tola inconsequente.
Eu, que nao sabe demonstrar carinho e afeto.
Eu, louca, imbecil.
Eu, que não aprendeu a falar.
Eu, nada.
Quisera eu ser alguém.
Quisera eu nao ser ninguém.
Estou confinada, confinada a ser eternamente esse monstro sem habitação.
Criatura repugnante, estupida!
Va! Diga! Diga tudo que sentes.
Abra a boca, bote todas as palavras pra fora.
Nao tenha medo.
Fôra-se o tempo. Esta tarde. Eu preciso ir...
-Verônica Toledo