Saudade

Desgraça mesmo é perder o ritmo

escorregar na barra da saia

da sobriedade ínfima

que restou da alma

Cavar o fosso com as próprias unhas

na ilusão doce e demente

que há, lá, colo quente

a esperar pela gente

Almoçar o passado malpassado

e vomitar o presente indigesto

dormir com a azia-saudade

isso que é desgraça! maldade!

E acordar sabendo que

há apenas um lapso

entre a vida e a morte?

Há, por acaso, para isso remédio?

além de deixar que tal lapso

se esvaia, rubro, em profundo corte?

Lost Vivi
Enviado por Lost Vivi em 06/03/2014
Reeditado em 29/11/2016
Código do texto: T4718129
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.