PACTUAMOS DEMAIS...

NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 06 DE MARÇO DE 2014

Pactuamos demais com os escuros um do outro. Será que resta ainda algum caminho para se tentar reverter o processo, para se tentar desfazer ao menos qualquer um dos tantos malfeitos que nos atingiram e, miseravelmente, não atingiram somente a nós dois? Choro, Amigo, olhando os escombros semeados pelo medo, pelas inseguranças extremas, pelas nossas perdas anteriores, pelo exacerbado senso de posse, pelos jogos inauditos de poder... enfim, por tudo o que eu jamais nos quis nem nos sonhei e que acabou, esse tudo, por constituir nossa tristíssima, lamentável herança, esta herança à qual não temos como renunciar.

E, no entanto, no entanto, ainda que com todos os caminhos perdidos, teu destino me importa, sempre me importará tanto quanto – ainda – me importa meu próprio destino. Só lastimarei e prantearei, até o último dos dias, que permaneçamos ligados um ao outro pela dor e pelo sentimento de culpa, em vez de por aquele amor que se anunciou tão luminoso e que se tornou tão pleno de escuros sem resgate, Amigo meu. Amigo meu.