Minha vida

A prática da escrita e da leitura nas séries iniciais

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivo analisar como vem efetivando-se o trabalho pedagógico no cotidiano escolar, no que diz respeito às práticas pedagógicas de leitura e escrita desenvolvidas no ensino fundamental. Ou seja, nas séries iniciais. Essa temática surgiu após eu perceber vários episódios que chamaram a minha atenção quanto ao aprendizado do aluno, como também a atuação do professor na sala de aula. Ensinar língua portuguesa, é uma grande responsabilidade do professor dos anos iniciais do ensino fundamental, pois é através do domínio da leitura e escrita que o aluno terá uma maior facilidade para aprender outras disciplinas. A formação de um bom leitor, é imprescindível, pois, aquele que sabe interpretar a palavra bem interpretará as coisas e os fatos do mundo. Sendo assim, o professor deve exercer com eficiência suas práticas pedagógicas relacionadas à aprendizagem da leitura e escrita para que o aluno desenvolva as aptidões que o leve ao hábito de ler, tornando-o um sujeito crítico, pensante, inserido de modo dinâmico na sociedade. Para que isso ocorra, faz-se necessário que o professor procure desenvolver técnicas de escrita mais coerente com o que se quer abordar. Portanto, ele precisa utilizar uma forma simples de escrever; como também orientar o aluno na sua condição de leitor. Valendo-se disso, o professor precisa socializar cada vez mais os conhecimentos disponíveis a respeito dos processos de aprendizagem da leitura e da produção textual. E quanto aos níveis de interpretação e compreensão, o processo de aprendizagem dependerá muito da formação do leitor. O professor com suas habilidades e técnicas deverá levar o aluno ao gosto de ler. Portanto, quanto melhor o professor entender o processo de construção do conhecimento, mais eficiente será seu trabalho. Afinal, ensinar de fato é fazer aprender.

A prática da escrita e da leitura nas séries iniciais

Ao aprendizado da leitura e da escrita, faz-se necessário a superação de algumas concepções, no contexto da prática pedagógica na sala de aula. E a questão principal é como se ensina a ler e a escrever na perspectiva da aprendizagem. Pesquisas realizadas sobre o aprendizado da escrita e da leitura, tanto na área da linguística como na psicologia, foram apontando para necessidades urgentes de mudanças na concepção que se tinha até então da escrita, do ensino e aprendizagem de ambas. Leite. (2001) Inicialmente, à leitura ,podemos dizer que ler não é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão uma consequência natural dessa ação. Geradi, (2006) A escola vem produzindo grande quantidade de leitores que são capazes de identificar qualquer texto, porém, com enorme dificuldade para compreender o que ler. Sabe-se que o processo de leitura indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas centradas na decodificação. Entende-se que se deve fazer o contrário, ou seja, oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam:

“Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade”. (PCNs, 1997 P. 54).

Registra-se, que Luria (1994) defendeu que criança é capaz de compreender . mesmo antes de se alfabetizar, o que leva uma pessoa a escrever, e possivelmente a tomar gosto pela escrita. No entanto, é preciso que o professor se antecipe, que faça inferências a partir do contexto do conhecimento prévio que o aluno possui, e que verifique suas suposições - tanto em relação à escrita quanto ao seu significado. Há até uma proposta interessante, “aprender a ler lendo”, o que significa, adquirir o conhecimento da correspondência fonográfica, compreender a natureza e o funcionamento do sistema alfabético, dentro de uma prática ampla da leitura (Geraldi,2006).

É comum, nas séries iniciais, a criança lidar com a leitura através da oralidade, e isso tem dado bons resultados, porque, os textos lidos, de acordo com Geraldi (2006) geralmente, crônicas, fatos jornalísticos, e também contos de fadas, e obviamente que esses textos possuem uma certa facilidade para serem memorizados. aprendizagem é percebida como o somatório desses elementos mínimos. A criança aprende através da repetição seguindo um modelo pré-estabelecido. A aprendizagem torna-se, portanto, um processo mecânico, repetitivo, não levando em conta o contexto sócio- histórico e nem o desenvolvimento psicológico da criança. Exige-se dela adaptação ao método e não o método a ela. Assim, não leva à criança a compreensão do texto uma vez que é cobrada uma leitura mecânica cuja compreensão é negada, a partir dos exercícios de interpretação de textos, que não permitem que a criança seja sujeito de sua leitura.ovavelmente, pelo fato desses textos serem de fácil assimilação, com conteúdos pertinentes ao universo infantil. Portanto, a criança, antes de se tornar alfabética, já consegue (re) construir essas histórias. E assim, pode- se, desde a mais tenra idade envolver a criança no mundo da leitura, e a sala de aula, claro, é o local mais apropriado para o desempenho dessa atividade. Vale salientar, que até mesmo no intervalo da aula, nos momentos recreativos, essa ‘leitura’ é oportuna. Já ouvi um relato de uma professora, afirmando que no intervalo da aula, ler é muito mais proveitoso do que na aula, propriamente dita. Pois, a criançada está à vontade, sem intervenções, por alguns deslizes que possa acontecer, e que evidentemente causaria algum tipo de constrangimento com relação à prática da leitura, naquelas condições, onde a descontração prevalece. Porém, ainda assim, é bom lembrarmos que cabe ao professor sempre procurar dá orientações, discretamente, aos seus alunos, e o resultado, é facilmente, percebido: positivo. E na maioria das vezes essa maneira de leitura ganha um toque de seriedade. Os personagens, na visão das crianças, não são apenas divertidos, engraçados, eles possuem sensibilidade, as emoções prevalecem, como se fizessem parte da condição humana. Vamos encontrar no PCNs (1997) a seguinte opinião:

“Para aprender a ler, portanto, é preciso lidar com a diversidade de texto, e os leitores para participarem de atos de leitura de fatos, é preciso negociar o conhecimento que já se tem e o que é apresentado pelo texto, o que está atrás e diante dos olhos recebendo incentivo e ajuda ” (PCNs, 1997, p.54).

De acordo com essa visão, pode-se afirmar que essa prática envolve a integração com a obra e que possibilita aos alunos a se espelharem nos autores , dando assim, oportunidade de um hábito constante da leitura, tendo como requisito a valorização das hipóteses levantadas dos mesmos, e motivando-os a uma leitura mais organizada na sua vida cotidiana. o domínio da leitura está na capacidade de o sujeito colocar em ação todos componentes necessários para a demanda da língua numa sociedade letrada. Não basta apenas dominar a técnica do ler e escrever, precisa desenvolver a competência. Ser usuário de uma língua, é saber fazer uso dos diferentes materiais escrito, se orientar e informar, saber falar, ler e escrever textos nas mais variadas situações sociais do mundo letrado. A apropriação do sistema da escrita é um processo complexo, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético-ortográfico quanto a compreensão e o uso efetivo e autônomo da língua escrita nas práticas sociais do contexto em que essas práticas são requeridas.. Portanto, o bom leitor, como já observamos é aquele que não apenas compreende o que ler, como também consegue identificar elemento subentendido, contido no texto que possa relacioná-lo com o outro texto, ou seja, criar uma situação de intertextualidade. Essa capacidade requer uma habilidade que favoreça uma visão capaz de relacionar uma situação de um texto para outro texto.

E quando se trata da escrita, ao se produzir um texto, deve-se, em princípio, procurar viabilizar sua leitura, no sentido de torná-la fácil sua compreensão. Esse é o primeiro passo para que o aluno se identifique com a elaboração de uma escrita de fácil assimilação e, evidentemente com uma abordagem significativa, onde possa destacar seu conteúdo e sua originalidade, dento do universo do conhecimento do aluno. E na escola, de acordo com Geraldi (2006), é interessante dizer que a redação, o texto, não deve ir ao encontro dos interesses dos alunos. Pode parecer um paradoxo, mas segundo o autor, em se tratando de despertar a criatividade da criança para produzir, é preciso que ela conheça o diferente, o que está além do seu horizonte de compreensão, ao menos , até aquele momento. E a partir daí o professor dará ao aluno condições para que ele possa recriar aquelas situações até então desconhecidas pela sua capacidade de observação e entendimento. Porém, o que geralmente acontece nas escolas é uma repetição de assuntos, ou seja, textos vazios, sem conteúdo, cheios de lugares comuns , e isso não oferece aos leitores (alunos) uma oportunidade de apresentar ideias para construção de textos imaginativos, com temas atuais, onde a criança, além de atualizar as informações que lhe chega, ainda poderá sentisse a vontade para opinar sobre assuntos que prende a sua atenção , mesmo considerados, delicados, tais como, racismo, drogas, machismo, etc. Nesse contexto, Geraldi (2006) recomenda, principalmente, aos professores para que desenvolva a produção de textos com a possibilidade de trabalhar os assuntos de forma não repetidas.

Levando em consideração, que o aluno já vem com o conhecimento prévio, cabe ao professor trazer textos que desperte na criança o interesse de descobrir o que ela não sabe, algo novo, que evidentemente, vai somar aos conhecimentos que ela já possui. neste caso, o PCNs (1997), também aponta para esse caminho, que é o de promover a descoberta, por parte do aluno, de situações que favoreça suas estratégias de resolução das questões apresentadas pelos textos. Ou seja ,um novo horizonte de situações diferentes daquelas até então vivida pela criança. E essa atividade só poderá ser realizada com a intervenção do professor, que deverá colocar-se na situação de principal parceiro, agrupar seus alunos de forma a favorecer a circulação de informações entre eles, procurar garantir que os diferentes grupos sejam o único instrumento a serviço da troca, da colaboração, consequentemente, da própria aprendizagem, sobretudo em classes numerosas, nas quais, deve-se envolver todos os alunos da mesma forma e ao mesmo tempo, na situação da aprendizagem da escrita e da leitura. Sabendo que o professor terá uma postura democrática, dando oportunidade ao aluno, descobrir aos poucos seus próprios caminhos literários, no tocante a prática da escrita e leitura; e se os componentes de um grupo expressam as suas opiniões, de forma a ser compreendidas por todos os integrantes; pedagogicamente, esse grupo se torna interessante, criativo, porque o professor não é a única figura a se destacar, o ideal é que todos os participantes se tornem importantes com a suas respectivas colaborações.

Portanto, a leitura na sala de aula, como também a escrita, compreendendo as análises dos autores, e evidentemente até onde eu pude analisar, chega-se facilmente a uma conclusão, trata-se de um trabalho árduo, porém, gratificante, para ambas as partes , o professor e o aluno, juntos, saem satisfeitos pelos resultados obtidos, todos ganham com essa experiência tão gratificante e recompensadora. O exercício de ler é o que há de mais oportuno para compreender o que se está lendo, e o aluno ciente disso, deve se esforçar continuamente, e junto com o professor e os seus coleguinhas trilhar o caminho de leitura procurando tirar o máximo proveito para um aprendizado de qualidade que o torna apto para os seus empreendimentos futuros, como leitor e produtor de textos. Pode até parecer redundância, mas é oportuno que se ressalte essa situação. Como também, e bom que se lembre, a leitura , pode acontecer de forma silenciosa, como também, bem sabemos, em voz alta ou pela escuta de alguém. No entanto, alguns cuidados são necessários: facilitar a leitura em caso em que possa haver diferentes interpretações; propor atividades de leitura de fácil assimilação; refletir com os alunos sobre as diferentes modalidades de leitura.

Vamos encontrar no PCNs (1997) uma forma de leitura que pode muito contribuir para o melhor aproveitamento, relacionada a questão da formação de leitores, tratando-se da prática da leitura na sala de aula, a leitura colaborativa. Uma atividade em que o professor lê um texto junto com os alunos, e durante a leitura, todos questionam sobre as pistas linguísticas que possibilitam a atribuição de determinados sentidos. Trata-se, portanto, de uma excelente estratégia didática para o trabalho de formação de leitores. É de suma importância que os alunos envolvidos nessa atividade possam explicar para os seus colegas de classe os procedimentos que utilizam para atribuir sentido ao texto: como e por quais pistas linguísticas lhes foi possível realizar tais ou quais inferências, como anteciparam determinados acontecimentos, validar antecipações feitas, etc. Diga-se,Souza(2003) que o homem é um ser histórico-social, situado no tempo e no espaço, alguém produtor de texto, que tem voz, dialoga, interage, entra em confronto com o outro e que o professor que leva em conta essa realidade, procura no processo de ensino da língua, considerar, problematizar e questionar as necessidades de vida do educando. Nesse sentido, a sua preocupação maior não é só como programa, mas preocupa-se com o aluno contextualizado. O tempo da criança é ocupado com conteúdo e atividade que desenvolvam o raciocínio, o discernimento, a criatividade, a competência comunicativa e o gosto pela leitura. Assim, tudo isso aumenta a auto- estima, e a confiança, desenvolve o lado afetivo e ainda ajuda a criança a compreender a si mesmo, o outro e o mundo. Também nesse processo .Pode-se argumentar a aula se constitui em um diálogo entre educador e educando, mediado pelo conhecimento, um espaço onde a criança, tem a palavra, ouve, fala, lê, escreve, opina e questiona. O conhecimento não vem pronto, é produzido a cada momento e é algo questionável e dinâmico. Então concebe-se a possibilidade de interrogar o texto, fazer a diferenciação entre a realidade e a ficção, a identificação de elementos discriminatórios e recursos persuasivos, a interpretação de sentido figurado, a inferência sobre a intencionalidade do autor, são alguns dos aspectos dos conteúdos relacionados à compreensão de textos, para os quais a leitura colaborativa tem muito a contribuir. A compreensão crítica depende em grande medida desses procedimentos.

Pode-se constatar que a prática da leitura na sala de aula, mesmo com a participação do professor, depende de vários elementos ou situações, que segundo Geraldi (2006) e o PCNs (1997) são determinantes para que se atinjam os objetivos previstos. Como destacamos, a leitura na sua iniciação, nas séries iniciais, onde a escola é a principal responsável pelo sucesso ou insucesso dessa difícil tarefa que a de preparar novos leitores, é um trabalho contínuo, sempre procurando inovações nas metodologias utilizadas, pois é essa flexibilidade que irá ao encontro do mundo infantil, da dinâmica, tão pertinente ao universo da criança. E o professor tem que estar atento ao desenvolvimento dos seus alunos, quanto ao que acontece na sala de aula, e perceber as dificuldades e os avanços, sejam individuais ou coletivos. E contando sempre com o apoio, não apenas da turma que ele coordena, dirige, aplica as tarefas, e inclui as crianças, às vezes bem pequenas, no mundo da leitura, mas também, é preciso a colaboração de outros seguimentos sociais, ou até mesmo das instituições, em suas diversas linhas de ação, com a intenção de despertar na criança o gosto por essa tarefa tão interessante e prazerosa que é a leitura e a escrita.

Smolka (2003) , afirma que a língua é um produto cultural construído na interlocução, num processo dialógico. Para esse autor, produzir linguagem tanto na modalidade oral como escrita é produzir discurso. Por isso, há necessidade de se trabalhar a leitura e escrita como prática discursiva e dialógica no processo de aprendizagem, desde a fase inicial. Sendo assim, acreditamos que o sucesso da leitura e da escrita na sala de aula, além de ser uma atribuição do professor, do ponto de vista pedagógico, também deve-se contar com a participação de outros elementos que não podem ficar ausentes na construção dessa facilitação ao desenvolvimento de um trabalho eficiente. E esses elementos que estamos recorrendo, encontra-se, na maioria das vezes, bem próximo da escola. A comunidade, por exemplo. Esta possui um papel , assim como , a escola e o professor, muito relevante na preparação desses leitores, fornecendo o material necessário; tanto para a possibilidade da leitura, com livros pertinentes ao universo infantil, como também a oralidade, as histórias infantis contadas pelos mais velhos e que na maioria das vezes fazem sucessos , atraindo a curiosidade da criança e dando a possibilidade dela recriar essas histórias que lhe foram repassadas; E nesse aspecto as situações familiares, histórico-social, etc ; e isso dar à criança, a oportunidade de despertar o seu talento criador. Certamente que essas crianças, hoje, agraciadas, irão trabalhar, no futuro, para formarem outros leitores . Cientes dessa situação, podemos construir, começando dede já, um país , de pessoas preparadas, conscientes de seu papel sócio-educativo-cultural, e sobretudo, amantes da escrita e da leitura.

Referências Bibliográficas

GERALDI, João Wanderley . O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. .

Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa – Brasília, 1997.

LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1994

LEITE, S. A. S. (Org.). Alfabetização e letramento: contribuições para as práticas

Pedagógicas

SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: Alfabetização como processo discursivo. Ed. São Paulo: Cortez, 2003

SOUZA, Luzinete Vasconcelos. As Proezas das Crianças em Texto de Opinião. São Paulo, Merendo de Letras, 2003.

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 01/03/2014
Reeditado em 26/08/2014
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