FLUTUANDO EM TRAGÉDIA
Um dia eu li que a poesia é feita das coisas que nunca vi. Me senti enganada. Percebi que finalmente havia declarado a minha cegueira, e isso, fez com que eu refletisse na probabilidade de que eu talvez nunca senti. E que talvez eu perambulei pelas ruas da cidade e que eu nunca escrevi, pois faleci. Um dia eu li a opinião de um leitor, onde ele dizia que o poeta preferido dele sempre fora Drummond. Descordei e afirmei com os meus pés firmes e minha voz trêmula, que o meu poeta preferido está cá dentro. O meu poeta preferido são os meus versos, a minha poesia, a minha alma, a minha música, os meus passos lentos (...) sou. Quem gritará por mim, se não fossem as folhas vazias e rasgadas que eu abandono por ai? Quem gritaria por mim se não fosse o grafite fino e os dedos calejados que escalam o silêncio buscando o grito absurdo? Busco a resposta para tais perguntas, mas ao mesmo tempo me calo. Me calo, pois eu me busco. Medito e me dito como um pedido de socorro às sete da manhã de um domingo gélido, como uma criança orfã que procura colo no morfo da sua boneca de pano. Eu e
s
ma
e
ço.