DESCOBERTAS
Hoje, revendo velhas fotografias, lembrei-me de uns anos antes. Anos que não voltam de um tempo que, infelizmente, passou rápido demais. Lembrei-me do seu sorriso aberto para reclamar da minha carranca sempre fechada em mim mesma; nunca disposta a deixá-lo a entrar, nem nunca forte o bastante para mandá-lo embora.
Quando foi que tudo virou isso? Esse nada vazio e sem luz. Você costumava dizer que eu tinha um belo sorriso, quando eu me permitia presenteá-lo com um. O que era bem raro. Eu sempre soube que se fraquejasse um pouco você veria tudo aquilo que eu lutava tão arduamente para ocultar de ti... e de mim.
Há como fui egoísta! Como pude matar tão brutamente o que sequer me pertencia? Como pude ser algoz de meu próprio sofrimento quando achava que o estava evitando?
Que tola! Sempre tão madura e segura e decidida e... tão fraca, sozinha, oprimida....
Eu devia ter percebido que pedir ajuda não me deixaria fraca, ao contrário, só fui fraca por não tê-la pedido. E devia ter percebido que você precisava de alento. Do meu alento. Da minha compreensão. Do meu amor. Eu devia..., mas não fiz.
Hoje eu lembro tudo que podia ter feito... e não fiz. Tudo que poderia ter vivido... e não vivi. Mas, principalmente, hoje eu sei que só eu tenho poder de fazer meu caminho. São minhas escolhas que me levarão aonde eu quero chegar. E hoje eu decido que não vou ter mais medo de me expor, de me jogar e de quebrar a cara por isso. Não se eu tiver a mínima chance, a mais ínfima e significativa chance, de ver um de seus sorrisos.