Boa pergunta...

A alguns quilômetros de distância do chão eu me sentia mais insignificante e frágil do que o de costume. Sentado naquele avião da pior companhia aérea possível,

eu via pequenas cidades de cima. Formigueiros brilhantes num razoável fim de tarde.

Penso que uma pane ali, seria o suficiente para dar um nó nas tripas e transformar num religioso todo e qualquer ateu naquele avião.

Mas eu não...

Alguma hora uma pane vai acontecer...

Algo vai falhar... Seja uma turbina, um motor de carro, um freio, um fígado, um rim, ou um coração cansado.

O avião me pouparia de definhar,

de ver o tempo amarelecer as coisas, enrugar minha pele e me encher de dores no corpo.

No entanto, roubar-me-ia também a possibilidade de um encontro fatal

com a mulher derradeira,

aquela que tanto espero

e nunca encontro.

Meu roubaria também, todas as outras

destinadas a passar brevemente em minha vida.

Me pergunto quantas delas estão lá em baixo...

me esperando...

Boa pergunta.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 26/02/2014
Reeditado em 26/02/2014
Código do texto: T4706663
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