O automatismo das caras de bundas em grandes centros urbanos

Vejo nascer do sol pela janela todos os dias de manhã, logo após de ser acordado pela súbita canção de meu despertador. Reluto em levantar para encarar mais um dia automatizado de trabalho. Infelizmente eu preciso do dinheiro... Não que trabalhar seja ruim ou que o meu trabalho é ruim, mas me responde uma coisa: Quantas pessoas realmente fazem aquilo que gostam e recebem aquilo que querem? Viagens a Miami e desfiles em carros importados custam caro demais e mais uma vez, infelizmente sou apenas uma estatística nessa sociedade. Após alguns minutos de incansável batalha me levanto. Tomo meu banho, canto minhas musicas em uma língua que ainda não sei qual, pego minha condução e novamente me vejo olhando pela janela. Pessoas correndo ao redor da praça, carros, veículos e até alguns cães pelo caminho. A cidade pulsante em energia frenética. Dinheiro circulando juntamente aos problemas, sociais e pessoais... Globalização. Engarrafamento de multinacionais e um precioso tempo sendo perdido. Talvez se tivesse me levantado mais cedo isso não teria acontecido ou se mais um motociclista não tivesse tentado correr mais rápido do que a morte ajudaria também.

Totalizando um total de uma hora e meia dentro de um ônibus, observando hora para a janela, hora para meu iPod, hora para as pessoas dentro do ônibus. Algumas já vejo todos os dias, mas como pede a tradição: Nada de saudações calorosas ou sorrisos acolhedores, apenas a boa e velha cara de bunda e o individualismo coletivo. Quando era mais novo isso me incomodava profundamente, hoje, já com os meus 23 anos, acredito que entrei na brincadeira também.

Estou disposto a quebrar esse ciclo, mas quando se tenta fazer algo desse tipo sozinho... Você se torna o chato carente que precisa de atenção. O incrível mundo fechado por trás dos olhares distantes, esses são os olhares mais comuns dentro de conduções. Por vezes grupos de adolescentes entram e conversam alto, riem, fazem certa bagunça quebrando assim, o barulho implacável das máquinas. Alguns passageiros se sentem incomodados, outros indiferentes, dependendo do nível da bagunça... Alguns gostariam de estarem lá.

E dessa forma grande parte da minha manhã se foi. Acredito que as manhas de muitos sejam igual essa minha, sem muito brilho, sem muitas novidades, apenas uma manhã automatizada em uma cidade grande.

Nomor
Enviado por Nomor em 25/02/2014
Código do texto: T4705715
Classificação de conteúdo: seguro