Crescer é perceber-se sozinho

Crescer é ser sozinho.

Crescer é perceber-se sozinho.

Quando a gente é criança a gente sempre está cercado de amigos, mesmo quando a gente não quer. Nossa vida na infância gira em torno de outras crianças, de novas idéias, novas aventuras. É como se o mundo tivesse que ser compartilhado.

Quando a gente cresce é tudo competição. Eu só ganho se você perder. Só as minhas idéias são boas. Essas são as idéias que a gente cultiva, como se a nossa sobrevivência dependesse do fracasso do outro.

Não temos mais uma coleção de amigos, talvez apenas colegas. Não existem novas idéias, somente idéias copiadas de um passado distante. Nossas novas aventuras só são interessantes quando alguém sobe mais lato que os outros. Nada é compartilhado, porque se eu compartilhar perde o valor.

Talvez seja por isso que a gente vive com saudade da infância. Essa época mágica onde tudo o que a gente tem, tudo o que a gente pensa e faz tem um valor, enquanto na vida adulta, a única coisa que importa é ganhar. Ganhar mais , ganhar sempre.

São outras medidas. Tudo o que nosso coração valorizava na infância, nossa mente descarta na vida adulta.

Crescer dói porque tudo o que era legal tem que perder valor.

Crescer dói porque tem gente que não entende que pra alguns nada muda. E por isso muita gente se isola do mundo, se apega aos valores que tinha quando era pequeno.

Crescer implica entender que só a gente entende exatamente como a gente pensa e porque a gente valoriza as coisas que valoriza.

O valor é diferente do preço. E enquanto as pessoas não entenderem isso, enquanto as duas coisas forem vistas como se fossem a mesma coisa, crescer vai doer pra muita gente.