O QUE É ESTAR VIVO?
A palavra liberdade soa bem, mas só soa. Embaralhada em um labirinto distinto, é pessoal. Entre grades e trincas, o Sol é projetado nas paredes entre as frestas das janelas, inibido e camuflado pelas novas montanhas de concreto. O verde é grana, e inflama o natural. Antes o terror, atualmente banal. Câmbio entre a hóstia e o hostil. É pecado o inverso do padrão. Dor é medo, trancafiada entre os dedos a coragem não se manifesta. A indignação reina nas poltronas dos pobres patrões. A podridão se aprimora e aflora na comodidade. É fácil e compensador aos olhos cegos da multidão. Mutilados e mutiladores em um mesmo caixão. A compaixão pede perdão, mas a ganancia não tem coração. Uma máquina perdida no tempo, contando o tempo que ainda nos resta. O amanhã é a salvação do hoje, pedido de joelhos nas escadarias da dita razão. Mas o hoje foi a salvação do ontem, anexada na fé sem ação. Somos suicídio lento e caro, que se contradiz ao temermos a morte. O que é estar vivo?