Apuros
Eu não tenho nada para falar com você e ainda assim te procuro, e enquanto caminho por avenidas largas você se esquiva em becos escuros.
Eu não quero olhar para você e ainda assim te busco, e enquanto giro meus pescoço para encontrar os teus olhos eu não consigo ver nada além desses muros.
Eu não tenho nada para ouvir de você e mesmo assim escuto, e enquanto inclino minha atenção para outros sons, a sua voz me alcança e inunda o meu tudo.
Eu não tenho nada para você, você é noite e frio e eu sou dia e calor, nos dissipamos naturalmente, atraídos e diferentes, como luz e sombras sempre juntos coexistindo em apuros.
Eu não tenho nada e não tento te ter e ainda assim te vislumbro e fico em silêncio profundo ouvindo e sentindo o ressoar de sua existência ecoando em cada canto do meu ser e desse imenso mundo.