O terror absoluto nos campos de concentração

Segundo Hannah Arendt em sua obra: Origens do Totalitarismo (1949), os campos de concentração e de extermínio totalitários serviram como laboratórios onde se demonstra a crença fundamental do totalitarismo de que tudo é possível” (ARENDT, 1949 [2009], p.488).

Perto disso para Arendt (1949 [2009]), todos os horrores, tornam-se secundários. Como em uma espécie de pesadelo que foge a compreensão e experiência humana – conforme o relatos de sobreviventes - os campos de concentração servem para degradar e exterminar, transformando humanos em meras coisas.

Para a autora (1949 [2009]) não há paralelos históricos para se comparar a vida nos campos de concentração. ”Passa a existir um lugar onde os homens podem ser torturados e massacrados sem que nem os atormentadores nem os atormentados e muito menos os observadores de fora, saibam o que está acontecendo, é algo mais do que um jogo cruel ou um sonho absurdo”(ARENDT 1949 [2009], p.496).

Esse inferno totalitário não podem ser inteiramente descritos, pois diante de um domínio total os sobreviventes vivenciam uma espécie de realidade extremamente maligna e quando retornam ao ‘mundo dos vivos’ começam a duvidar de suas experiências passadas nesses locais.

Segundo (1949 [2009]) Arendt, para que o governo totalitarista possa governar através do terror e da lógica da ação ideológica, é necessário isolar todos os homens. Através do isolamento das pessoas, gera-se a impotência e a incapacidade de agir e de se organizar contra o poder vigente.

”Sabemos que o cinturão de ferro do terror total elimina o espaço para a vida privada e que a autocoerção da lógica totalitária destrói a capacidade humana de sentir e pensar tão seguramente como a capacidade de agir” (1949 [2009], p.527). Isso resulta na perda da confiança nos outros e do próprio eu. Destruindo todo o espaço de solidariedade entre os homens, engendra-se não só sob a forma de impotência da própria condição humana como também uma solidão organizada submetida a vontade despótica de um só homem.

Referências

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 23/02/2014
Reeditado em 23/02/2014
Código do texto: T4702691
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