A RELEITURA DA FLOR
Era uma flor muito engraçada.
Pétalas negras exalando sombra
sobre a minha memória,
já tão esgotada de não saber onde pousar,
a errar por aí, com suas asas rasgadas.
Era uma flor muito engraçada.
Pétalas de veludo a tecer cortinas
com as texturas incômodas da minha memória:
tudo o que eu gostaria de esquecer.
Flor que prefere a quietude do pântano
ao endoidecer colorido de um jardim na alvorada.
E sobre a minha memória essa flor tão gozada
Brinca de esconder-se atrás de um sorriso,
Para depois aparecer quando tudo é silêncio.
Finge-se de morta durante uma prece,
E então ressurge com sua pétala de aço polido,
Para refletir em minha alma fracamente matizada
Todos os tons cinza que eu já havia esquecido.