Tristeza

Olhar um par de chinelos, pensar que os mesmo pés que o usavam um dia podem não estar mais ali, observar uma cama vazia e decidir se realmente quer se deitar nela novamente. Olhar para suas lágrimas e suor, saber que podem ter sido em vão. Sentimentos, agulhas enferrujadas porém afiadas tendendo a perfurar os peitos mais quentes e desabrochados, canhões engatilhados apontando para sua cabeça, o alvo, você, a sequela, a dor. Refúgios abstratos, sombras permanentes, lagrimas cadentes, tudo isso faz parte da tristeza, lembranças inapagadas, pegadas, tudo isso faz parte da tristeza, rotas cotidianas, espelhos denunciantes, tudo, tudo isso mesmo, faz parte da tristeza. Mas o pior, realmente o pior, é saber que após tantos esforços, tanta mudança, tanta entrega, resta mesmo, e te acompanha mesmo, apenas a tristeza, e pensar que um erro pode mudar toda sua vida, enquanto mil acertos apenas o conservam em um estado vivo, porém sem recompensas ou compreensão. Então você sente algo frio no seu coração, algo apertado na garganta, um sufoco sem fim, denominado: Tristeza.