Rio

Desde a minha época de criança, quando morei no Rio por uns dois anos, ouço falar da fama do carioca ser malandro e escorregadio nessas questões de responsabilidade e compromisso. Havia, inclusive, uma dessas comparações pejorativas de que, se o Brasil dependesse dele, o carioca, pra evoluir, “tava fu....”, mas que, por sorte, o paulista “segurava as pontas do PIB brasileiro”. Depois que minha família mudou pra SP, era comum eu passar as férias escolares com minha tia em Copacabana, prima nas Laranjeiras ou primo no Leblon. Tia Isaura morreu, Liginha e Bira também, e eu, que desde aquela época até hoje, gosto de observar o comportamento humano, deixei de ter vontade de voltar ao Rio faz tempo, seja a lazer ou a serviço, como cheguei a fazer algumas vezes, via ponte aérea e ficava com o coração partido ao ver, lá do alto, aquele lixo todo acumulado em lugares que, antes, eram natureza de pura beleza. Isso se deu nos tempos do Brizola. Hoje, com o tráfico mais forte, à revelia das UPPs, restaurantes e tampas de bueiro explodindo por vazamento de gás (encanamento da época medieval), prédios desmoronando (reparos e modificações feitas sem qualquer fiscalização), desvio colossal de recursos federais dados às vítimas das avalanches dos morros (Bumba, Resende, etc), queda de passarela, pois o motorista do caminhão basculante, ou por estar falando no celular ou por trafegar em horário proibido (escondendo com a caçamba a placa do caminhão), deixou a mesma erguida, matando cinco e ferindo outros tantos. Vale dizer, no entanto, pra não me alongar demais, que o descaso do brasileiro, carioca ou não, com a vida do seu semelhante, chegou a esse ponto seguindo o exemplo do poder público, referência maior nessas questões de desconsideração. Saúde e educação, estupidamente falhas, e marcante impunidade criminal, são bons exemplos. Há bom tempo o Rio não lembra mais bossa-nova ou Tom Jobim. O Brasil está repleto de prefeituras e governos corruptos, mas, não é de hoje, o Rio vem sendo referência. Recentemente, eu ri quando soube que o governo federal (PT e PMDB) vai lançar seu próprio candidato no Rio, retirando o apoio ao Sérgio Cabral. Natural, tem muita maçã podre na árvore dele, melhor manter distância. Vai que o povo inventa de botar reparo na dos outros! O Maranhão dos Sarney, por exemplo.

GripenNG
Enviado por GripenNG em 30/01/2014
Reeditado em 30/01/2014
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