Obscenidade (neo)liberal

A obscenidade (neo)liberal conclama que:

Os direitos serão pouco a pouco retirados do rol das conquistas sociais e incluídos na lógica da meritocracia. O próprio direito de viver será enquadrado na lógica do mérito.

De agora em diante, os direitos serão adquiridos via lógica meritocrática. A quem mereça e a quem não mereça tê-los. A escolha de cada um será sua própria sentença. Cada qual garantirá sua própria sobrevivência.

Os interesses privados serão as soluções para todos os problemas sociais, econômicos e políticos.

Desigualdade social passará a ser sinônimo de incompetência, de caráter e de vagabundagem, bem como de algo ligado à ideia de pouco esforço individual em querer vencer na vida.

Nosso grau de sucesso será medido pela nossa adaptação ou não às regras do jogo neoliberal. O importante é saber adaptar-se constantemente. E quem não se adaptar será naturalmente eliminado do jogo. Viva o darwinismo social!

Todos os sonhos serão reduzidos à mercantilização (onde tudo se compra e tudo se vende). O suficiente para preencher a satisfação existencial. Ser consumidor será o máximo de direito possível ao qual se poderá brigar, principalmente, no que concerne ao direito de propriedade privada.

O mercado e a gulodice do lucro serão os grandes deuses que guiarão nossas ações. Tudo se resumirá aos seus pressupostos.

As pessoas serão valorizadas por aquilo que possuírem (bens materiais), pelo poder de compra e pela capacidade de multiplicar as suas próprias riquezas (dinheiro) em favor de si mesmas.

O foco central será não se deixar corromper por ideias anacrônicas, e entre elas estarão a de justiça social e de igualdade.

A sociedade não passará de um aglomerado de pessoas atomizadas. Cada qual buscando maximizar os seus próprios interesses. Nada além desses interesses. A única racionalidade possível. Todos buscarão realizar os seus interesses de ganho. O egoísmo, aliás, será algo inerente ao ser. E qualquer tentativa de ir contra o egoísmo será o mesmo que atentar contra a natureza humana.

Na concepção antropológica neoliberal, cada qual se reduz um em relação ao outro pela busca de vantagens individuais, egoístas. A sociedade, então, será uma somatória de indivíduos movidos pela selvagem concorrência uns com os outros. Uns contra os outros. E será nesse ambiente que deveremos ser educados, é nele que deveremos fincar nossas apostas existenciais. Essa será a nova aposta neoliberal no ser humano.

Oswaldo Rolim da Silva Junior
Enviado por Oswaldo Rolim da Silva Junior em 20/01/2014
Reeditado em 05/03/2016
Código do texto: T4657538
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