Liberdade

Certo ou errado, eu entendo que uma pessoa, qualquer pessoa, somente pode se sentir livre, somente pode se achar livre, no momento em que todas as demais também possam se achar livre, se sentirem livres. Assim, minha liberdade deveria ser autonomamente regulada, limitada, e demarcada pela liberdade dos outros, de tal forma social onde todos fossemos então livres, libertos em nossa demarcação, que é ela mesma demarcada por cada um, em uma relação social com todos os demais, perfazendo um só corpo social.
 
Infelizmente entre o que eu entendo, penso ou desejo, e a realidade, existe uma separação abissal. O que eu vejo é que algumas pessoas são mais livres que outras, e por quê? Porque a visão acaba restringida, empacotada, deformada e parcialmente destruída pelos interesses do poder. O poder demarca não a relação social, não o envolvimento coletivo, não só a empatia pelas nossas diferenças, o poder em si, todo poder, o político, o econômico, o religioso, o da força bruta, o da intelectualidade, o dos interesses comerciais, cada um aí a seu modo, demarcam, para os que os possuem, maiores liberdades, e para os outros, na medida de suas fraquezas, inversamente proporcional ao poder que possuem, delimitam e demarcam menores liberdades, chegando aos excluídos, a única liberdade de morrer ou sobreviver como puderem, com o quase nada que lhes sobram de liberdade, direitos e bens materiais.

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 14/01/2014
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