Eu não preciso tornar-me menos animal, necessito tornar-me sim, mais humano.

Eu não preciso me tornar menos animal, pois que, para tudo, sou e sempre serei um animal. Somente como animal, como um ser biológico, como um ser animal vivo, posso dar vazão a tudo que a biologia me possibilita, e dentre este tudo, com alguma racionalidade posso dar início a caminhada construtiva pelo humano. Então, se não me importa ser menos animal, o que me importa? Importa-me ser mais humano.
 
Como Homo Sapiens Sapiens, posso realizar toda emergência do que biologicamente este corpo animal me possibilita. Todos somos Homo Sapiens Sapiens (não na semântica do nome, pois que ai deveríamos ser Homo “Demens”, mas sim na definição de nossa espécie). Filhos e netos de Homo Sapiens Sapiens, o somos em toda a genética de nosso ser, se tivermos filhos, estes também o serão. A Evolução não atua em saltos.
 
Sendo Animal da espécie Homo Sapiens Sapiens, se minimamente saudáveis mentalmente formos, temos uma mente imperfeita, mas poderosa, que emerge da complexidade funcional de um circuito neuronal ativo não menos complexo. Entendo que a humanidade, não a população em si, mas o sentido e o realizar de algo subjetivo em nosso ser, que pode realmente nos diferenciar como espécie única, seja algo recente, recente quando falamos em tempo geológico, ou em tempo evolutivo.
 
Sinceramente, não sei ainda afirmar se nossa humanidade, nosso lado humano, é algo programado geneticamente, sendo uma evolução já efetuada (o que sinceramente me custa acreditar, pura e simplesmente pela leitura que faço do mundo e do viver neste mundo), não sei também se é uma evolução em andamento, onde algumas mutações já aconteceram, mas ainda longe de ser completa em sua estrutura final (entendo que para a evolução não exista destino final, mas me utilizei do termo completa, apenas para indicar que o corpo funcional de alguma humanidade pudesse ter atingido um estado de atuação natural e plena, como seria o sentimento que naturalmente temos do medo, que todos temos), ou se é apenas um conceito cultural, ou um desejo ou necessidade social, que deve assim ser aprendido ao longo de nossa criação e vida.
 
De verdade, entendo nossa humanização como algo em desenvolvimento, se pudesse arriscar, diria que o nosso ser humano é algo que está entre alguma especialização genética em andamento e um evento cultural a ser mais valorizado pelos nossos pais, responsáveis, e pela sociedade como um todo.
 
 Todos somos Homo Sapiens e devemos entender como algo bom, e não como algo depreciativo, mas nossa humanização é algo a ser buscada, e é algo recente, que talvez somente tenha tido início quando nossos grupos, mesmo que ainda nômades passaram a crescer em numero de integrantes, e que teve uma necessidade acentuada quando deixamos de ser nômades e nossos grupos passaram a crescer rapidamente, e algo como uma “proto” sociedade começou a ganhar vida real.
 
Não abrir mão de nosso ser animal, não necessariamente sufocá-lo, mas sim buscar, seja algo natural ou seja algo cultural-social, ou mesmo que seja seja um mix de ambos, construir ou tornar algo consciente nossa humanidade, nosso ser humano, agora sim dando vida psíquica ao Ser Humano que tanto nos definimos.
 
Somos seres humanos? Quem dera. Mas podemos sê-lo? Claro que sim, por mais complexo que isto possa ser.
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 14/01/2014
Reeditado em 14/01/2014
Código do texto: T4648853
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