Verde
De todo aquele verde a minha volta, meu encantamento, minha meninice, havia um esverdeado capaz de me surpreender ainda mais, um verde escuro, uma marca profunda num passado raso, onde o desespero por encontrar a si próprio tornava tudo complexo quando não era.
Senhor, de todo céu, Terra e inferno, mandaram-me uma coisa única, uma sombra escura que aparentemente era a única coisa capaz de compreender o significamento de todo o efeito colateral do castanho até o verde!
Uma sombra que eu conheceria futuramente e não mais veria como uma sombra, mas um ser humano tão comum, incapaz de despertar qualquer interesse meu como antes, até deixei de me ser, não era digno desse mérito, foi nesse tempo que eu cometeria os maiores erros de uma vida! E veria a dita encarnar-se a pó.
E ela se tornou, não reparou, graças aos céus, no meu disfarce de incapacidade que deveria ter aproveitado, mas não o fiz porque não tinha interesse e não me convinha naquele momento. Mas por todas as criaturas do universo! Que pecado! Que pecado cometi! Expus-me como se estivesse diante de Deus, quando nunca foi isso que Ele quis e eu só queria compensar uma maldita dor, mal dita agora por mim, pois foi a melhor dor que já provei, eu era feliz sentindo aquilo, agora não tenho certeza, mas provavelmente mais do que por esperança do que por amor ao verde! Por amor eu amava, por esperança vivia momentos amorosos com o homem que conheci aquela manhã, eu tinha os olhos castanhos e ele, verdes. Uma sombra observava de longe e me apeguei naquilo como se o entendimento fosse realmente importante e nunca foi, mas como são os jovens!
Mas se digo tudo isso é porque permaneço em minha juventude e não entendo porque ninguém mais é como o verde! Ninguém mais... Estou diante de outro, mas ao olhar para ele, vem-me a cena de anos atrás, a cena inicial, ela é como o ômega e o Alfa e eu como o inefável!
Eis o trágico!
Sepultei a sombra num esquecimento vazio, mas a alma penada sempre me vem a mente ao lembrar do desfecho do jovem rapaz em meio ao verde, e então lembro-me da decepção de tê-la conhecido e desejo nunca ter feito e me arrependo e me desdobro com ira de mim por ter sido tão infantil quando esta era minha única alternativa!
E eu choro, porque tudo está preto e branco, quando eu queria que estivesse verde, só verde... Ou que pudesse existir alguma cor maior que essa, alguma cor mais surpreendente! Alguém além do moço que morreu conforme passava o tempo e deixou-me essa memória viva como herança!