EM BUSCA DE MIM MESMO (Eu, a vida e o homem)
Ser sincero comigo mesmo é uma busca diária na minha vida. O homem não pode enganar a si mesmo, nem tentar enganar-se. Às vezes, o homem precisa ter cuidado com o que ele diz, para não dizer o que não corresponde à realidade sobre a qual ele fala.
Estou fazendo uma limpeza na minha existência. O que está ficando é o que corresponde ao que eu penso, sinto e sou.
Cheguei à conclusão de que eu preciso equilibrar estes aspectos que existem em mim: o pensador, o poeta e o homem.
O pensador busca se orientar pela razão. O poeta, às vezes, é conduzido apenas pela inspiração. O homem, às vezes, age de acordo com a emoção. Eis a importância do equilíbrio.
O que mais inspirava um poeta talvez não seja mais a sua maior inspiração. O homem é também o seu passado. No entanto, o homem é muito mais o seu presente.
A vida é feita de aprendizagens. A vida é feita de tentativas e erros, assim como certo método existente na matemática, apesar de a vida não ser apenas matemática.
A vida de um homem apresenta várias etapas. Penso estar na fase do desenvolvimento da minha maturidade. Posso até estar enganado, mas acredito no que eu digo.
O tempo traz o amadurecimento do homem. O tempo mostra o que interessa para o homem. O tempo filtra os interesses e os afetos do homem. O que eu deixo em mim e publicamente sobre mim e feito por mim é o que está dizendo muito sobre mim.
Não vou nem posso destruir as minhas lembranças, pois elas me mostram por onde passei. Não posso destruir o meu passado, mas posso refazer o meu presente e o meu futuro.
Não ficarei mais preocupado com o que passou; o meu amor e a minha atenção serão dedicados ao momento atual. Sob certo aspecto, estou com Carlos Drummond de Andrade: “Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro”. Sou um homem que se refaz constantemente. Eu canto e poetizo o meu presente, o tempo no qual estou; o tempo no qual eu sempre estarei. O passado que destacarei é o passado que é presente em mim.
Hoje, o que eu mais destaco não é mais o meu passado, nem é o tempo que será o meu futuro. “O passado é o tempo que não é mais; o futuro é o tempo que ainda não é; somente o presente existe”, dizia Santo Agostinho. Sendo assim, o que eu mais destaco é o presente que vive em mim.
Neste momento, o que eu mais admiro são estes quatro elementos: amor, ternura, doçura e genialidade. Neste momento, são esses quatro elementos que mais me inspiram. São esses quatro elementos que mais recebem a minha atenção.
Sou um homem em busca de mim mesmo.