MARGUERITE
Não há muito em português sobre ela na internet. Mas há em outros idiomas e entrevistas maravilhosas suas no youtube. Grande escritora - a minha preferida (tenho 99% de sua obra) - lida e devidamente relida por mim. Ninguém dos meus amigos "entende" o que vi em seus escritos que gosto tanto. Mas eu sei: sua liberdade de pensamento, sua forma de escrever - profunda e poética - e sua loucura devassavável para os que querem ir sempre além das palavras. Sua vida, que colocou no papel, ela transformou em obras memoráveis como "A Dor" (seu trabalho na resistência francesa, na época da 2a. Guerra Mundial), "O Amante", sua juventude na Indochina (atual Vietnã) e muitos outros.
Em seu livro "Emily L" - a protagonista é poeta e Marguerite serve-se do livro para prestar, ainda que não explicitamente (mas devidamente percebido por quem conhece poesia) sua homenagem à poeta norte-americana Emily Dickinson. "Emily L" a protagonista, escreve versos - estes belos versos de Emily Dickinson, citados no livro:
"THERE’S a certain slant of light,
On winter afternoons,
That oppresses, like the weight
Of cathedral tunes.
Heavenly hurt it gives us;
We can find no scar,
But internal difference
Where the meanings are. " (*)
Num tempo ainda muito conturbado, Marguerite Duras derrubou muitas barreiras: fez parte da Resistência Francesa, dirigiu filmes, escreveu peças de teatro e viveu uma relação de anos com Yann Andrea - que, segundo comentários, era homossexual . De família francesa, nasceu em 1914, na Indochina, atual Vietnã e morreu em 1996, deixando seus fãs órfãos de seu talento, de sua ousadia, de suas loucuras literárias maravilhosas e o exemplo de sua corajosa luta contra o alcoolismo.
Tenho muitas saudades dela. Quando ela partiu, me peguei perguntando a mim mesma :
- e agora? quem vai escrever assim como ela?
Até agora sem resposta.
(*) para ler o poema completo, clique em:
http://www.bartleby.com/113/2082.html
Foto: Marguerite Duras - Google