E EU ESCREVO...*
Antes de tudo, peço perdão, a todos, pela publicação deste texto
NA TARDE DE 05 DE JANEIRO DE 2014
Escrevo porque não tenho outra saída.
Não tenho outra.
Não restou outra.
Não... nenhuma...
Por isso escrevo.
Mantenha-me isso, Vida.
Não me tire isso, Vida, que o mais...
Escrever bem, ou escrever mal... o que me resta de mim...
Você sabe, Vida.
Você o sabe, Vida, muito melhor do que eu.
Se não fosse a tal vida “real”
até que eu poderia ser um pouco feliz.
Bode expiatório... bode expiatório, sim,
- não de uma única casa.
Eu não o sabia, mas, acabei por compreender
que para tal destino me escolhi
sem o saber.
Hoje sei que importo pouco, muito pouco
no que sou, no que realmente preciso,
para a imensa maioria dos seres da vida “real”
esses a quem tenho dado minha vida, ou quase isso.
(Os poucos não pertencentes a esta categoria, nada podem, nada lhes cabe fazer.)
Importo muito pouco, mas, não há crucificá-los
se me sabem tão pouco...
Não há crucificá-los...
Hei-de sobreviver, todos os dias, a tal vontade terrível
essa, de crucificá-los...(metaforicamente, que fique claro).
Haverei de sobreviver a tudo.
TENTEI, COMO PUDE, A VIDA INTEIRA ESCLARECER-ME, PARA ELES,
MAS, FOI TUDO SEMPRE INÚTIL.
MINHA LÍNGUA, CERTAMENTE, É A DE ALGUM OUTRO MUNDO... IGNOTO...
Eu não tive coragem e força para partir, enquanto ainda me era possível partir...
Às vezes, ouso sonhar com alguma pequena alegria...
Às vezes, ainda ouso... vinda de algum deles...
Ora, alegria para bode expiatório...
Escrevo não porque eu ainda
tenha algo a dizer...
Escrevo para não enlouquecer.
Escrevo para poder ainda chamar de vida
a vida que me restou e que me resta para viver.
A despeito de tudo
sei que algum lugar em mim
ainda aguarda
um milagre
um milagre de alguma, de qualquer efetiva compreensão.
Afinal, o tempo urge, mas, o tempo
– creio – ainda não é completamente tarde demais.
Sou um ser que ainda espera
um ser que não deveria esperar mais nada
mas que – admite –ainda espera...
nesta vida em que escreve...
escreve...
escreve...
sem saber se ainda escreve alguma coisa
que valha a pena ser lida...
que valha a pena ser escrita...
Bem... valendo ou não...
é o que lhe resta...
Quem sabe lhe venha a restar
também ainda alguma outra coisa...
que ela sinta como sendo ela mesma.
E enquanto nada de si lhe regressa nem lhe chega
voltar a sentir a plena Compaixão (que lhe está sendo negada)
que se lhe anda a esvair pelos dedos ermos, ah, tão ermos...
tão exaustos...
tão miseravelmente frágeis e sós que estão...
* Amigos, esse texto é mero desabafo. Se alguém o ler e quiser comentá-lo, está no seu direito. Seja como for, depois, procurem esquecê-lo: não é texto que valha a pena ser lembrado. Obrigada.