Então é Natal...

É Natal. Aquela noite que deveria ser bela para todas as pessoas do mundo, mas que não é bem assim na vida real. A noite da ceia, das luzes, da árvore, dos presentes… não para todos. Há aqueles que estão pelas ruas, sofrendo no inverno e suando no verão. Há aqueles que estão morrendo de fome, aqueles que não enxergam as luzes, aqueles que nem sabem o significado da palavra Natal. E, numa casa com mesa farta, enfeites e milhares de presentes, há alguém que trocaria tudo isto por uma palavra, um abraço, um sorriso.

Ela está trancada em seu quarto. As paredes espessas e a porta de madeira impedem que as pessoas na casa escutem o choro dela. Ninguém entenderia. A garota sempre teve tudo, o que a faria chorar? Ah, mas a resposta é tão simples, tão curta, tão boba: saudade. Saudade de alguém que ela ainda não descobrira o nome. Saudade de vê-lo por dez minutinhos de segunda à sexta-feira. Saudade de sentir o cheiro que ele exalava quando entrava no ônibus, saudade daquele sorriso que nunca era dirigido a ela. Ele estudava em outro colégio e ela não sabia em qual série o garoto estava, o que só dificultava as coisas. Ela queria saber se ainda poderia vê-lo. Será que sim? Será que não? Lágrimas. Lágrimas desnecessárias, devo dizer. Mal ela sabia que, sim, ainda iria vê-lo. Porém, o desenrolar das coisas dependeria somente dela.

Ela continuou chorando. Apesar de ser uma das garotas mais inteligentes do colégio, ela era uma burra! Como que aquele garoto – tão bonito, tão (aparentemente) inteligente, tão perfeito, quase inalcançável – se interessaria por ela, logo ela, aquela garota tímida e sem atrativos? Ela era uma idiota por pensar que ele poderia gostar dela algum dia. Se começassem a se falar, ele poderia no máximo considerá-la como aquela amiga boba que todo garoto tem. Aquela que é zoada por onde passa.

Minutos passam voando. Ela enxuga o rosto e retoca a maquiagem. As pessoas a elogiaram quando ela saiu do quarto, mas ninguém sabia que ela chorava por dentro. E, no fundo, aquela garota sabia que sempre seria assim...

Lillian Cruz
Enviado por Lillian Cruz em 25/12/2013
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