Reflexões sobre o Universo - Parte III

Os cientistas buscam compreender o Universo pelo lado errado, ao meu ver. Eles nunca irão alcançar a essência do Universo pelo pensar, mas sim pelo sentir. O pensar é interpretar e isto nunca se dará distante da construção lingüistica do cientista sobre o objeto. Assim para explicar o mundo, usando a linguagem, ele se afasta totalmente do mundo, é como se ele criasse um mundo virtual - e de fato cria. Um mundo criado pelo seu pensar, demarcado pelos lindes da caneta e do papel apreciados pela mente humana restrita e temporal. Toda pergunta é uma procura e toda resposta é uma descoberta. Se pergunto ou ponho em dúvida o caminho da busca pela razão última do Universo, e na pergunta busco algo, o verdadeiro caminho, ou melhor, o caminho mais eficaz para se chegar ao entendimento do Universo será uma descoberta, que irá quebrantar as fórmulas e métodos humanos voltados ao entendimento desta aporia. Somente teremos a descoberta pelo sentir e não pelo pensar. Se fechamos os olhos iremos sentir o Universo soprando em nossa face, e com ele a resposta tocando sutilmente o nosso corpo - todo o dia, mas ao abrir os olhos enviaremos uma mensagem: hora de empregar métodos. E abarrotamos de lixo aquilo que era puro e capaz à nos levar a razão última. Se largamos os livros (teorias) e brincamos com crianças, se nosso coração brincar de verdade com elas, iremos nos aproximar da descoberta novamente. Se estamos com alguém que amamos sob o brilho das estrelas, e fechamos os olhos, sentindo a pele macia do outro(a) nos tocar, voltaremos a nos aproximar novamente da descoberta. Se estamos com alguém que amamos de forma ágape e abraçamos com força, novamente nos aproximamos. Se admiramos um pôr-de-sol vermelho-alaranjado, com pássaros indo aos seus ninhos, novamente nos aproximamos. Por fim, cabe uma última pergunta, se a todo instante somos surpreendidos pela razão última através do sentir, por que complicar com o pensar? Deixemos então que o sentir nos conduza para compreender Universo e não com o pensar, não com nossa mente interpretativa, mui restrita, que impregna de pré-compreensões humanas as coisas simples e puras que são a quintessência do Universo e que se perdem em meio ao emaranhado de complicações geradas pelo pensar.