É surpreendente,

mas não tenho mais raiva,
ódio ou rancor como antes,
embora ainda os tenha,
não me movem mais.
São hoje sombras tímidas do que foram um dia.

Ficou,
nos momentos em que sou desafiado,
humilhado,
provocado,
esse ardor que não destempera,
esse oco de pena pelo outro,
essa compreensão que me eleva,
essa energia serena que me acalma.

Não sou manso,
mas amansei,
não sou irado,
mas sei da ira e dos seus delírios.

Olho para meu passado e me vejo com pena,
assim com quem olha um órfão de si mesmo.

Eu me abandonei lá atrás,
naquela curva da vida onde os pesadelos são deixados mortos,
no mesmo cemitério em que os elefantes deitam!

Namastê!